Regilane Barbosa Maceno é uma mulher forte e determinada, nascida no Povoado Centrão, uma pequena comunidade rural na cidade de Esperantinópolis. Ela veio ao mundo como a quinta filha em uma família numerosa de doze irmãos. A vida de sua família era simples e humilde, e a maioria das pessoas ao seu redor seguia um caminho preestabelecido de trabalho no campo. Desde muito jovem, Regilane tinha uma ambição incomum em sua mente. Ela não queria apenas seguir o padrão e viver uma vida comum como os outros. Ela desejava fazer algo diferente, algo que pudesse trazer mudanças não apenas para si mesma, mas também para sua família e comunidade.
Apesar dos poucos recursos e oportunidades limitadas, Regilane nunca se deixou abater. Ela tinha uma chama ardente dentro de si, uma determinação que a impulsionava a buscar conhecimento e acreditar em seu potencial.
Aos 10 anos, Regilane mudou-se para a zona urbana de Esperantinópolis em busca de melhores condições de estudo. Ao chegar na cidade, ela foi morar de favor e trabalhar como doméstica para poder frequentar a escola. Em seu bairro, a menina vivia cercada de carinho dos amigos e conhecidos. Apesar da saudade da família, a menina estudava com afinco e aproveitava cada oportunidade para aprender, seja com os professores da escola local ou por conta própria, buscando informações das mais diversas fontes disponíveis na cidade.
$ads={1}
Aos 17 anos, Regilane viu uma oportunidade única e não hesitou em agarrá-la, por mais desafiadora que fosse. Ela sabia que precisava sair da zona de conforto e explorar o mundo além das fronteiras de sua comunidade. Com muita coragem, ela decidiu deixar sua cidade natal e se mudar para Teresina, em busca de novas oportunidades. A jovem passou a trabalhar como empregada doméstica para continuar seus estudos. Com um salário de apenas R$ 100,00, Regilane complementava sua renda lavando roupas das vizinhas para conseguir pagar suas despesas. A rotina era desgastante, pois a jovem trabalhava como doméstica em duas casas e ainda tinha que frequentar a escola, mas nem mesmo o extremo cansaço era capaz de deter a jovem sonhadora que estava determinada a conquistar seus sonhos, e nada poderia impedi-la.
Após passar onze anos longe de sua cidade natal, Regilane decidiu retornar. No entanto, ao chegar, percebeu que não era mais o seu lugar. Embora estivesse com sua família, algo havia mudado dentro dela. Determinada a seguir em busca de seus sonhos, Regilane decidiu continuar sua jornada. De volta a Teresina, onde ainda morava na casa em que trabalhava, ela mergulhou ainda mais fundo nos estudos, com o objetivo de ser aprovada na universidade. Foram meses de dedicação e sacrifícios para alcançar seu objetivo. Finalmente, a notícia chegou: ela havia sido aprovada, figurando entre os dez primeiros colocados. A partir desse momento, Regilane deu um passo importante em direção ao seu grande sonho.
$ads={2}
Após quatro anos de graduação, conciliando estudos e trabalho, Regilane finalmente conquistou seu tão sonhado diploma de Licenciatura em Letras, um marco significativo em sua vida. Determinada a aprofundar ainda mais seus conhecimentos e aprimorar seu currículo, ela decidiu realizar uma especialização.
Embora tenha levado um ano para concluir o curso, Regilane só conseguiu pagar suas dívidas no ano seguinte, pois ainda não possuía recursos financeiros suficientes.
No mesmo ano, surgiu uma oportunidade de emprego através de um concurso público no município de Codó, e Regilane não hesitou em agarrá-la. Após meses de espera, ela recebeu a notícia de que havia sido aprovada no concurso e, mais uma vez, se mudou para outra cidade.
Agora em um novo lugar, com um emprego estável, Regilane se destacou no campo da educação do município. Em 2016, representou toda a região Nordeste na Olimpíada Nacional de Língua Portuguesa, realizada na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e foi a vencedora do concurso de produção textual entre os 125 participantes de todo o Brasil.
Essa grande conquista trouxe confiança e motivação a Regilane, impulsionando-a a lançar seu primeiro livro, intitulado "Badu e a goiabinha", em homenagem à sua mãe. Em 2019, seu texto foi publicado na coletânea "As cartas que não escrevi", foi lançado na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro, e em Genebra, Suíça.
Em 2017, devido ao seu excelente trabalho, Regilane recebeu um convite para assumir a Coordenação da Área de Linguagem na Secretaria Municipal de Educação, no município de Codó. Sem hesitar, ela aceitou o desafio. Durante três anos, Regilane dedicou-se a desenvolver diversos projetos em prol da educação local, o que lhe rendeu uma promoção para o cargo de Diretora de Ensino. Agora, sua responsabilidade era organizar o sistema educacional do município, que atendia mais de 20 mil alunos e contava com mais de 3 mil professores. Esse foi o maior desafio de sua carreira. Apesar da complexidade da tarefa, Regilane continuou a demonstrar sua vasta experiência e dedicação, mantendo um excelente desempenho.
Atualmente Regilane atua como professora de língua portuguesa na rede municipal de Codó e na Universidade Estadual do Maranhão, no campus de Pedreiras, como professora substituta. Ela é Mestre em Letras pela Universidade Estadual do Piauí e Doutora em Literatura pela Universidade de Brasília (UnB). Além disso, ela é membro efetivo da Associação de Escritoras e Jornalistas do Brasil/AJEB-Seccional Maranhão, uma organização que trabalha pela valorização e empoderamento das mulheres maranhenses. Regilane também participa de grupos de pesquisa e incentivo à leitura no Nordeste.
Hoje, aos 40 anos e com um doutorado em Letras, Regilane se vê como uma mulher impulsionada pela determinação, mesmo sem compreender completamente sua origem. Ela se considera uma vencedora e se sente imensamente abençoada. Regilane não se define como guerreira, pois esse termo implica a necessidade de estar sempre em batalha. Ela acredita que as mulheres merecem mais.
Somos empoderadas, temos voz e ocupamos posições de poder, com a possibilidade de contribuir para desconstruir discursos que nos aprisionam e subjugam, como as "Evas", "Lilits", "Marias" e "Pandoras". Nós somos capazes de tudo, pois nossos limites estão apenas em nossas mentes, e não podemos mais permitir que isso seja diferente!